sexta-feira, 8 de outubro de 2010

cuspindo palavras

perdida em um ônibus, nem me entendia. por que estou aqui?
o furacão que fez de mim moradia
ventou-me forte, furtando-me todo o expressar
estômago perdido, fome: jamais
cerebelo embriagado, não comandava o meu andar
coração desgovernado, ouvia-o bater...

mãos umidas, corpo frio
como pode me deixar assim?
perdi-me profundamente a ponto de não me saber roubada - tomou-me para si.
confétes preenchem a minha massa cinzenta - agora colorida por ti
acostumada ao monocromático sinto-me luzir
neste entardecer nem mesmo a dama da noite brilhou mais que os meus olhos quando a menina dentro deles era como um belo jasmim

zombava-me no espelho - doidamente
tola: quem fui durante os meus poucos anos de vida não me pertencia mais
criança tola: tinha o perfume da flor e nada mais
vazia: sorria!
vazia de mim, cheia de você

a garota dos meus olhos no reflexo era a penumbra de alguém que existiu
queria-me de volta
de volta ao campo florido: a mais bela sempre jasmim
enfeitiçada, salivando
supliquei:  deixa-me comigo.
quando estiveres quase longe, devolva-me em um envelope branco
sem remetente
deixa-o no tapete da porta
e lembra-te:
quem está no envelope é você
quem vai com você: tudo que pertenceu a mim

devolvo-te!
algum dia...

Um comentário:

Unknown disse...

lindo, belíssimo, continuo te acompanhando :) bjs do prof.