domingo, 26 de dezembro de 2010

[sem sentido]

O relógio gritava o Sol nascendo e o violão
- o qual ela apelidara carinhosamente de Chris -
a olhava: abandonado.
Rezava para si como que um general do exército:
Rude, exigindo cada respirar calculado
Impetuoso!
Despida de si: atuava irrepreensível
dormia
Imergida em seu personagem
dormia
Um sono traidor
dormia
Um sorriso burro
dormia
Inexplicavelmente
dormia.
Dormia um sono falso por tanto tempo
que por tê-lo feito tantas vezes o dormia verdadeiramente
dormia
dormia: dentro de si

domingo, 19 de dezembro de 2010

[Inadequado]

['Paciência': Dificilmente eu falaria de amor sem mencionar-te. Dificilmente vou falar de momentos importantes na minha vida sem pronunciar o seu nome. Há quem diga que brincamos de namorar. Mas foi nessa brincadeira de namorar que eu quis me casar. Às vezes sentimos mais do que poderíamos. O grande caos  dos meus pensamentos. A monstruosa distância que tudo destrói: apenas nos fortalece. Não cabem aqui as nossas loucuras. Não cabem nas palavras todo o nosso sentir que fazemos real a cada dia:
amor presente
e futuro.]

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

[Inadequado]

[É tão incompreensível essa forma extravagante em que qualquer um se torna sensível ao Universo Paralelo que permito a entrada como que de um anfitrião desalmado. Há tantos Universos Paralelos. Talvez seja essa a grande essência. Há tantos Universos Paralelos. Tantos. Alguns que criei em outras pessoas. Esses que nunca foram meus, mas esses em que ainda vago. Não por escolha. Continuo dentro deles: inerte. Sou parte deles. Um erro é dar sempre o meu melhor. Dar mais do que necessário e possível. E que por isso ser taxado de arrogante. O mundo não gira em torno do meu umbigo, mas o meu Universo Paralelo é meu e nesse Eu sou o meu deus maior. Eu dito as regras. Regras que por mais complexas e perturbadoras que sejam: encantam; prendem. Terrível é quando fascinam pessoas vagais.  Continuo analisando: pior mesmo não seriam aquelas pessoas em que apostamos os nossos bem maiores - sentimentais & imensuráveis -, dedicamos todo um tempo que precisávamos para cuidar de nós mesmos e as mesmas partem sem qualquer princípio de respeito e consideração por tudo aquilo que damos de nós a elas? (!). O erro cometido sempre das que partem é pensar que por isso não estaremos com elas. Estaremos quer queira quer não. Inerte. Às vezes pulsantes: quando o que demos a elas é usado. Em muitas das vezes: imperceptivelmente. Outras vezes somos apenas o Esconderijo; onde elas gostariam de repousar. Tão imbecis a ponto de não reconhecerem nem mesmo nessas horas o quanto alguém as preencheu e que por isso se sentiu vazio - algum dia. Estas quem um dia se sentiram vazias, passaram algumas longas estações preenchendo a si mesmas. E quando chega o inverno em nossas vidas: há sempre um retorno.
 "Às vezes o amor floresce mais na dor do que na felicidade".]

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

[Inadequado]

[ Dizia-me com os olhos d'água quem queria ser. Eu funcionava. Funcionava. Vez como tudo. Vez como apoio. Vez como refúgio. Vez como silêncio. Eu funcionava.
Como adubo eu sustentei e dei vida a sua flor. Ainda sou a raiz; a terra; o sol; a vida em sua saturada vida de pessoas vazias { ou quase }. Eu sou. Não sou por escolha, por fatalidades. Sou porque sou. Porque sou grande. Grande dentro de você. Pequena em mim, mas insuperável em você. Em você.
Não me leias. Não me sintas. Não me vivas, nem me mates. Não durma. Não chore. Não chore, nem ria { ! }. A bela e confiável loucura. Tão bela quanto as tardes ensolaradas; chuvosas { como preferíamos } em que nos afogávamos em nós mesmos; nós mesmas; apenas você { ou ninguém } e A loucura.
Como quando eu dizia aos seus cabelos: apenas a loucura. O nosso segredo. Você não era quem era. Não era o que nunca foi. Eu era você. E você nem pensava. Apenas ria { e chorava }. E ria das nossas doidices de amores juntos e separados. Amores seus que jorravam em seus olhos: meus! Nem como você queria. Nem como eu me permitia. Bem como queríamos { e fazíamos! }. Lia as suas letras { apaixonada } tão agradáveis como brincar de viver.
Como brincar de mentiras! Ora ria e mentia. Mentia tanto que nem seus olhos aguentavam e riam! Riam mais que horas de maldade&sutileza.
Não somos o que éramos, porque sempre fomos uma parte do nós dividido.
Patético. Tal como estamos { nada comum, pois nunca fomos obra regular da natureza }. ]

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

senhor mistério

vindo da fumaça branca
real como o meu sentir
e irreal com a sua perfeita imperfeição
poça imergente de um íntimo charme

tão cativante
tão puro
tão simples
tão cheio de nada


silêncio encantador
silêncio visto em seus olhos inconfundíveis
dia lama: maculado
despido
humilhado
dia verde: primaveriu
sagaz
modesto


(...)


alucinadoramente  fascinante
sorriso antigo - igual

aqueles olhos
olhar deturpante

quero-o para mim
todos o querem - silenciosamente


(...)


e
eu nem sei...
só o queria
para mim

dizendo-me tudo
tudo que ele não sabia
escrito em seus olhos

o amor não o cabe
curioso
ele não cabe a própria forma


(...)


procuro-o aqui
enquanto meus olhos mentirosos não o despem